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Beleza, segredos, fertilidade, proteção, água, vida... Rainha, menina, deusa, mulher, mãe, guerreira, senhora... São tantas faces que remetem à mesma personalidade, a energia vital que emana de todos úteros e se materializa em água doce que dá vida a todos os seres. Diferentes culturas, cultos, nações, nomenclaturas denominam a divindade das águas doces: Oxum*, Danda Lunda** Ndanda Lunda... A partir da mitologia Bantu angolana, dentro da perspectiva do candomblé de nação Angola N'Paketans, pedimos licença para falar de Mam’etu Kisimbi, rainha de Luanda, grande mãe que alimenta seus filhos com o que a água pode ofertar.
Mam'etu Kisimbi ressurge das águas com o dom da fertilidade, a quem foi confiado por Nzambie Kola - Deus Criador – o poder da reprodução, da hereditariedade, da transmissão da vida, sendo a detentora do segredo da vida. É a divindade que resguarda e proteje os úteros e toda região uterina, responsável por promover o feixe entre a sexualidade e a gestação através da fecundidade, do feto, do nascimento.
Recorremos a uma de suas mitologias para ressaltar valores da ancestralidade afrikana em relação à mulher, com enfoque para o matriarcado e relação maternal, que certamente não são os únicos recortes possíveis, mas os escolhidos na obra em questão. Trazemos um olhar contemporâneo através da fotografia, logo, uma representação artística e visual das referências que a divindade Mam'etu Kisimbi expressa na concepção de suas descendentes. Juntamos mitologia e fotografia, ancestralidade e tecnologia, tradição e arte para falar com texto e imagem de uma personalidade feminina afrikana que nos referencia.
Assim, apresentamos a fotonovela ''Kisimbi'', o primeiro ensaio fotográfico de uma série a ser produzida pelo Núcleo Kisimbi homenageando mulheres pretas da Áfrika diaspórica. Divindades, personalidades, intelectuais, guerreiras, artistas, trabalhadoras, estas serão as personagens a compor daqui para frente as produções fotográficas com as histórias que queremos contar.
Que em cada fotografia deste primeiro trabalho possa estar colocado de forma bela e respeitosa a imagem e o sentido que nos traz Mam'etu Kisimbi, nossa grande mãe, deusa da beleza, da vaidade, do ouro, dos metais preciosos, a senhora que gera no ventre os seus filhos e os alimenta com as águas dos rios. Que a hereditariedade que esta deusa transmite aos seus filhos esteja no olhar de cada um, que o seu espelho sagrado nos revele nossa verdadeira identidade e que o reflexo de suas águas nos mostre a verdade sobre nosso povo, nunca nos deixe padecer de sede da sua proteção.
Uolo Mahin Kia Mean Nzenza
Kisimbi e!
(Louvada seja a mãe do ouro que baila sob as águas!)
*Divindade das águas doces no candomblé de nação Ketu.
**Divindade das águas doces no candomblé de Nação Angola Kongo.